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quinta-feira, 9 de janeiro de 2025

Ester 1

 

Fonte: Imagesearchman

INTRODUÇÃO

Título. O livro recebeu o nome de seu personagem principal, Ester. É um nome persa e significava estrela. Seu nome hebraico era Hadassa, murta (veja 2:7)

Data e Autoria. Temos quase certeza que o livro escrito após 465 A.C, pois menciona-se o reinado de Xerxes (486 a 465 A.C) no tempo passado (10:2). Mas o autor demonstra ter conhecimento muito intimo dos acontecimentos desse reinado e do mobiliário do palácio de Susã (que foi destruído pelo fogo em cerca de 435 A.C) para que se date o livro após o período de Artaxerxes 1 (464-424 A.C). Embora Josefo achasse que Mordecai escrevera o livro, parece que 10:2, 3 exclui tal possibilidade. Não obstante, o autor devia ser um Judeu morando na Persia (2:23; 9:20; 10:2). Palavras e nomes em puro persa aparecem no livro, e seu estilo hebraico assemelhasse muito com o de Esdras, Neemias e Crônicas.

Historicidade e Propósito. Apesar das objeções que se tem levantado contra a historicidade do livro, ele nos dá uma narrativa perfeitamente acreditável dos acontecimentos que poderiam ter acontecido durante o reinado de Xerxes. A declaração relativa à extensão do domínio de Xerxes (1:1; 8:9) concorda com  as declarações de Heródoto (Histories, 3,97, 98; 7.9) e não se aplica a nenhum outro rei persa. A grande festa do terceiro ano do reinado de Xerxes (Et.1:3) harmoniza-se com a data fornecida por Heródoto (7.8) para o planejamento da expedição do rei persa contra a Grécia. A descrição do seu palácio (Et. 1:16) tem sido confirmada por descobrimentos arqueológicos.

A nova esposa que foi tomada no seu sétimo ano (2:16) encaixa-se na descrição que Heródoto faz do renovado interesse que ele manifestou em seu harém depois da desastrosa campanha grega (9.108, 109).

A Festa do Purim, que foi mencionada em II Macabeus 15:36 como sendo festejada já há cerca de 160 A.C., dificilmente poderia ter sido instituída sem nenhum motivo. A explicação mais lógica é que foi instituída em comemoração dos acontecimentos descrito neste livro. Os judeus sempre aceitaram o Livro de Ester como canônico. Quando voltamos nossa atenção para o propósito do livro, surge imediatamente a questão relativa ao por que de todas as referências à oração, adoração, Jerusalém, o templo e o nome de Deus terem sido omitidas, com exceção de algumas insinuações sobre oração e providência (Et. 4:14; 4:16; 9:31). Alguns têm conjeturado que era perigoso demais adorar Jeová abertamente naquele tempo e por isso todas as referencias a Ele foram cuidadosamente excluídas do livro. Mas isto forma uma opinião debilitada sobre a inspiração das Escrituras. Parece melhor concluir que “considerando que estes judeus já não se encontravam na linha teocrática, por assim fazer, o nome de Deus da Aliança não foi associado com eles. O livro de Ester, então, serve ao propósito de mostrar como a Providencia Divina governa todas as coisas; mesmo estando em uma terra distante, o povo de Deus continua em Suas mãos. Mas, uma vez que esse povo se encontra em uma terra distante, e não na terra da Promessa. Seu nome não foi mencionado”(Edward J. Young, Na Introduction to the Old Testament, pág. 349).

Antecedentes Históricos. Desde 722 A.C., os israelitas das tribos do norte foram transplantados, em cativeiro, para “as cidades dos medos” além de outros lugares (II Reis 17:6). Além disso, depois da conquista da Babilônia por Ciro em 539 A.C., alguns dos judeus que foram transportados por Nabucodonosor para a Babilônia provavelmente dirigiram-se para o leste na direção de Susã  e outras cidades da MedoPérsia, como fez Mordecai (Et. 2:5, 6). Mas dos milhões de judeus que foram dispersos por todo o Oriente Próximo,  somente cerca 50.000 escolhidos retornaram à Terra Prometida com Zorobabel e Jesua em 536 A.C (Ed. 2: 64-67).

De acordo com Esdras 6:15, o segundo templo foi terminado em 515 A.C., no sexto ano dde Dario I. Foi exatamente trinta e dois anos depois que Xerxes, o filho de Dario I, “deu um banquete, a todos os seus príncipes e seus servos”(Et. 1:3). Os acontecimentos deste livro cobrem um período de dez anos, desde a grande festa de Xerxes (483 A.C) até a Festa do Purim (473 A.C.). Dezesseis anos depois da primeira festa Festa do Purim, Esdras dirigiu sua expedição de volta a Jerusalém (Ed. 7:9). Assim, os acontecimentos deste livro se encaixam entre o sexto e o sétimo capítulos do Livro de Esdras.

COMENTÁRIO

I. Vasti Dovorciada 1:1-22

Ester 1

No último dia de uma festa de sete dias em Susã, no palácio, o rei Xerxes mandou chamar a rainha Vesti a fim de que exibisse a sua beleza diante dos nobres embriagados. Sua recusa provocou a ira do rei e ele aceitou o conselho de Memucã, um dos conselheiros do rei, divorciando-se dela por decreto público. Este castigo, diziam, serviria de advertência a que respeitassem seus maridos.

I. Nos dias de Assuero. Este não poderia ser nenhum outro além de Xerxes (486-465 A.C.; cons. Ed. 4:6), o filho de Dario I, que tentou conquistar a Grecia em 481 A.C. Falhou completamente em seu objetivo devido a uma derrota esmagadora em Salamina (480 A.C) e Platéia (479 A.C). O Assuero que reinou desde a Índia até à Etiópia. A fim de evitar qualquer possível confusão com o pai de Dario, o medo, que tinha o mesmo nome (Dn. 9:1), o autor aponta o vasto território correspondente a província de Punjab no atual Paquistão Ocidental, a região a oeste do Rio Indus, até o qual os exércitos Alexandre chegaram em suas conquistas. Heródoto nos conta que tanto a Índia como a Etiópia forma dominadas por Xerxes (3.97, 98; 7:9). Sobre cento e vinte e sete províncias. Isto se tem confundido com as vinte as vinte satrapias relacionadas por Heródoto para Dario I (3:89-94) e os cento e vinte Sátrapas designados por Dario, o medo (Dn. 6:1). A palavra províncias (no heb. Medina) refere-se a unidades governamentais menores do império, tais como a província de Judá (Ne. 1:3), enquanto que Heródoto se referia às unidades maiores, tais como  a quinta satrapia, que incluía toda a Fenícia, Palestina, Síria e Chipre. Mas o Livro de Daniel não falava dessas unidades territoriais, pois simplesmente declara que Dario, o medo, achou por bem “constituir sobre o reino a cento e vinte sátrapas” (Dn. 6:1, cons. John C. Witchomb.  Darius the Mede, págs 31-33)

A Rainha Vasti Afronta o Rei

✝ Ester 1:1

"E aconteceu nos dias de Assuero (o Assuero que reinou desde a Índia até Cuxe sobre cento e vinte e sete províncias),"

✝ Ester 1:2

"Que naqueles dias, quando o rei Assuero se sentou sobre o trono de seu reino, na fortaleza de Susã,"

2. Na cidadela de Susã. Susã (ou Susa) era uma das principais capitais do Império Persa, sendo as outras Ecbatana (Ed. 6:1-2) e Persépolis. Daniel foi, certa vez, transportado em visão para esta cidade (Ed. 8:2); e, mais tarde, Neemias serviu ali como mordomo de 

Artaxerxes (Ne. 1:1, 2:1).

✝ Ester 1:3

"No terceiro ano de seu reinado, ele fez um banquete a todos seus príncipes e a seus servos, tendo diante dele o exército de Pérsia e da Média, os maiorais e os governadores das províncias,"

3. No terceiro ano do seu reinado, deu um banquete. Esta festa (literalmente, uma festa báquica) aconteceu no ano de 483/482 A.C. e certamente foi aquela mencionada por Heródoto (7-8) na qual Xerxes fez planos para a grande invasão da Grécia. O escol da Pérsia e Média, e os nobres e príncipes. No tempo de Ciro, a Média era mencionada antes da Pérsia (Dn. 6:8), mas agora a Pérsia estava em destaque na monarquia dualista. O escol representa os governadores militares, enquanto que os nobres e príncipes são os governadores civis. 

✝ Ester 1:4

"Para mostrar as riquezas da glória de seu reino, e o esplendor de sua majestosa grandeza, por muitos dias: cento e oitenta dias."

4, 5. Durante os 180 dias, Xerxes discutiu planos de guerra com seus subordinados e os assombrou com a opulência e a grandeza de sua corte. Depois disto, realizou-se uma festa de sete dias (vs. 3 e 5 provavelmente se referem à mesma festa) para todo o povo que se achava na cidadela de Susã, inclusive os líderes das diversas províncias que tinham vindo para o planejamento de 180 dias (Keil, in loco). No pátio do jardim do palácio real. O terreno ou parque que rodeava o palácio. 

✝ Ester 1:5

"E acabados aqueles dias, o rei fez um banquete a todo o povo que se achava na fortaleza de Susã, desde o maior até o menor, durante sete dias, no pátio do jardim do palácio real."

✝ Ester 1:6

"As cortinas eram de linho branco e azul celeste, amarradas com cordões de linho fino e púrpura, argolas de prata e colunas de mármore; os leitos eram de ouro e de prata, sobre um piso de pórfiro , mármore, madrepérola e pedras preciosas."

6. O significado de algumas destas palavras é obscuro. Cortinas em azul e branco (as cores reais; cons. 8:15) pendiam de colunas de mármore por meio de argolas de prata. Também, havia divãs de ouro e prata (cons. 7:8) sobre o assoalho coberto de pedras de valias cores. Este notavelmente belo palácio foi queimado até os alicerces no final do reinado de Artaxerxes, o filho de Xerxes, em cerca de 435 A.C. (A.T. Olmstead, The History of the Persian Empire, pág. 352). 

✝ Ester 1:7

"E dava-se de beber em taças de ouro, e as taças eram diferentes umas das outras; e havia muito vinho real, conforme a generosidade do rei."

7, 8. Vasos de ouro...de várias espécies. Grande variedade de vasos para se beber era um luxo persa. Graças à generosidade do rei. (Cons. I Reis 10:13). Bebiam sem constrangimento, como estava prescrito. Geralmente o rei exigia que seus convivas bebessem uma certa quantidade, mas agora eles podiam beber tanto ou tão pouco quanto quisessem. 

✝ Ester 1:8

"E de acordo com a lei, a bebida era sem restrições; porque assim o rei tinha mandado a todos os oficiais de sua casa; que fizessem conforme a vontade de cada um."

✝ Ester 1:9

"Também a rainha Vasti fez banquete para as mulheres, na casa real do rei Assuero."

9-12. No último dia da festa, orei embriagado (Jz. 16: 25; II Sm. 13:28) enviou seus sete camareiros (ou eunucos; cons. Et. 1:12,15), que eram o seu meio de comunicação com o harém, para buscarem Vasti. As rainhas persas costumavam comer à mesa do rei, mas nem sempre nos grandes banquetes. Temendo por sua dignidade no meio de tal grupo embriagado (Heródoto, 5.18), ela recusou-se terminantemente a obedecer as ordens. 

✝ Ester 1:10

"No sétimo dia, quando o coração do rei estava alegre do vinho, mandou a Meumã, Bizta, Harbona, Bigtá, Abagta, Zetar, e Carcas, sete eunucos que serviam diante do rei Assuero,"

✝ Ester 1:11

"Que trouxessem à rainha Vasti com a coroa real diante do rei, para mostrar aos povos e aos príncipes sua beleza; pois ela tinha linda aparência."

✝ Ester 1:12

"Porém a rainha Vasti recusou vir à ordem do rei por meio dos eunucos; por isso o rei se enfureceu muito, e sua ira se acendeu nele."

✝ Ester 1:13

"Então o rei perguntou aos sábios que entendiam dos tempos (porque assim era o costume do rei para com todos os que sabiam a lei e o direito;"

13,14. Os sábios que entendiam dos tempos . . . os sete príncipes. Talvez o sete fosse um número sagrado na Pérsia (cons. 1:10, 2:9; Ed. 7:14). Esses sábios talvez fossem astrólogos ou legisladores. Era nessas famílias de líderes que os reis persas tomavam suas esposas (Heródoto, 3.84). 

✝ Ester 1:14

"E os mais próximos dele eram Carsena, Setar, Adamata, Társis, Meres, Marsena, e Memucã, sete príncipes da Pérsia e da Média, que viam o rosto do rei, e se sentavam nas posições principais do reino)"

✝ Ester 1:15

"O que se devia fazer segundo a lei com a rainha Vasti, por não ter cumprido a ordem do rei Assuero por meio dos eunucos."

✝ Ester 1:16

"Então Memucã disse na presença do rei e dos príncipes: A rainha Vasti pecou não somente contra o rei, mas também contra todos os príncipes, e contra todos os povos que há em todas as províncias do rei Assuero."

16-20. Memucã, um dos sete príncipes (v. 14), aproveitou a oportunidade para transformar um negócio público em uma crise nacional, sem dúvida por causa de algum antigo conflito entre a rainha e os príncipes. As esposas dos cidadãos comuns desobedeceriam a seus maridos (v. 17), e as esposas dos sete príncipes poderiam "hoje mesmo" (v. 18) exigir igualdade de direitos para apoiar a rainha. E não se revogue (v. 19). Cons. 8:8; Dn. 6:9. Sem dúvida não queriam que Vasti retornasse ao poder e os punisse por terem dado tal conselho! 

✝ Ester 1:17

"Pois o que a rainha fez será notícia a todas as mulheres, de modo que desprezarão seus maridos em seus olhos, quando lhes for dito: O rei Assuero mandou trazer diante de si à rainha Vasti, porém ela não veio."

✝ Ester 1:18

"Então neste dia as princesas da Pérsia e da Média dirão o mesmo a todos os príncipes do rei, quando ouvirem o que a rainha fez; e assim haverá muito desprezo e indignação."

✝ Ester 1:19

"Se for do agrado do rei, seja feito de sua parte um mandamento real, e escreva-se nas leis da Pérsia e da Média, e que não se possa revogar: que Vasti nunca mais venha diante do rei Assuero; e o reino dela seja dado a outra que seja melhor que ela."

✝ Ester 1:20

"E quando o mandamento que o rei ordenar for ouvido em todo o seu reino (ainda que seja grande), todas as mulheres darão honra a seus maridos, desde o maior até o menor."

✝ Ester 1:21

"E esta palavra foi do agrado dos olhos do rei e dos príncipes, e o rei fez conforme o que Memucã havia dito;"

21, 22. Enviou cartas a todas as províncias do rei . . . segundo o seu modo de escrever. O Império Persa gabava-se de possuir um eficiente sistema postal, mas a comunicação era complicada pela multiplicidade de línguas faladas por todo o império. Que cada homem fosse senhor em sua casa, e que se falasse a língua do seu povo. O significado aqui é um tanto obscuro, mas presumivelmente "o governo do marido em sua casa devia ser demonstrado pelo fato de só se falara lihgua nativa do chefe da casa na família" (Keil; cons. Ne. 13:23). A menção deste ponto no decreto dá a idéia de que os fatos relativos à Vasti também foram mencionados. 

✝ Ester 1:22

"Então enviou cartas a todas a províncias do rei, a cada província segundo sua escrita, e a cada povo segundo sua língua, que todo homem fosse senhor em sua casa, e falasse isto conforme a língua de cada povo."

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