Jó 11
e) Primeiro Discurso de Zofar. 11:1-20.
Jó reagiu à concentração de Elifaz e Bildade no seu status judicial com protestos cada vez mais intensos de inocência. Estes por sua vez provocaram os amigos a uma aplicação ainda mais consistente de suas teorias, até que Zofar agora bruscamente condena a alegada iniqüidade de Jó (vs. 1-6). Ele suporta sua acusação apelando à infinidade de Deus (vs. 7-12), concluindo contudo com uma afirmação de prosperidade restaurada (vs. 13-20).
Zofar
✝ Jó 11:1
"Então Zofar, o naamita, respondeu, dizendo:"
1-6. Jó insistira que Deus o tinha afligido quando sabia ser ele justo (v. 4; com. 9:21; 10:7). Isto, destaca Zofar, contradiz a teoria tradicional, é irreligiosidade e não pode ser permitido que permaneça como a última palavra.
✝ Jó 11:2
"Por acaso a multidão de palavras não seria respondida? E o homem falador teria razão?"
2b. Acaso tem razão o tagarela? As costumeiras cortesias introdutórias, inteiramente dispensadas por Bildade, são agora aviadas por Zofar com tanta pressa e falta de gosto que a acusação funde-se com a apologia.
✝ Jó 11:3
"Por acaso tuas palavras tolas faria as pessoas se calarem? E zombarias tu, e ninguém te envergonharia?"
✝ Jó 11:4
"Pois disseste: Minha doutrina é pura, e eu sou limpo diante de teus olhos."
✝ Jó 11:5
"Mas na verdade, queria eu que Deus falasse, e abrisse seus lábios contra ti,"
5. Falasse Deus e abrisse os seus lábios contra ti. Jó parece irreprimível na controvérsia com seus companheiros; mas se ele tivesse a liberdade de conseguir a coisa que ele mais almeja, um debate franco com Deus (cons. 9:35), seria silenciado.
✝ Jó 11:6
"E te fizesse saber os segredos da sabedoria, porque o verdadeiro conhecimento tem dois lados; por isso sabe tu que Deus tem te castigado menos que mereces por tua perversidade."
6b. Sabe, portanto, que Deus permite seja esquecida parte da tua iniqüidade. Mais literalmente, Deus é a causa do esquecimento de parte da tua iniqüidade. No seu zelo de contradizer a lamentação de Jó de que Deus esquadrinha e sem misericórdia destaca cada pecado seu (cons. 10:6,14), afligindo-o desproporcionalmente às suas iniqüidades, Zofar aventura-se a modificar a teoria dos outros dois amigos que é a da proporção direta – mas na direção oposta de Jó! Eis aqui o clímax da condenação no primeiro ciclo. Jó 11:6 é de vital importância; conclui a acusação mas também introduz a sabedoria insondável de Deus (cons. 5:9).
✝ Jó 11:7
"Podes tu compreender os mistérios de Deus? Chegarás tu à perfeição do Todo-Poderoso?"
7. Porventura ... penetrarás até à perfeição do Todo-poderoso. Através de sua sabedoria infinita Deus compreende e controla a criação em sua altura, profundidade, comprimento e largura (vs. 8,9).
✝ Jó 11:8
"Sua sabedoria é mais alta que os céus; que poderás tu fazer? E mais profunda que o mundo dos mortos; o que podes tu saber?"
✝ Jó 11:9
"Sua medida é mais comprida que a terra, e mais larga que o mar."
✝ Jó 11:10
"Se ele passar, e prender, ou se ajuntar para o julgamento ,quem poderá o impedir?"
10b. Quem o poderá impedir? Se Deus quer levar um homem a juízo, o homem não pode escapar. Zofar assim apóia a conclusão à que Jó já chegara devido à absoluta sabedoria de Deus, isto é, de que resistir a Ele é futilidade (cons. 9:12; 10:7b). Mas enquanto Jó já tinha apelado à onisciência divina vindicando sua inocência (10:7a), Zofar fá-lo para convencer Jó do pecado: (Ele) vê a iniqüidade (v. 11b). Tendo condenado Jó abertamente, e sendo ele mesmo ignorante de qualquer evidência direta para consubstanciar sua acusação, Zofar acha conveniente suplementar sua própria ignorância com a onisciência do Todo-poderoso. Ele teria feito melhor uso de sua excelente doutrina da incompreensibilidade de Deus, entretanto, se tivesse humildemente reconhecido as limitações de seu próprio conhecimento da providência divina e não tivesse a presunção de entender os sofrimentos de Jó até a perfeição. Esta verdade da sabedoria inescrutável de Deus, embora tristemente manipulada por Zofar, é a doutrina que deveria ter aquietado o espírito de Jó e silenciado suas queixas. Levando-a em conta com mais seriedade, Jó e também os seus amigos teriam reconhecido que os seus sofrimentos eram compatíveis com a piedade exemplar de um lado e o favor divino do outro. É especialmente pela proclamação de sua incompreensibilidade que o próprio Senhor mais tarde liberta Jó àe suas tentações. Assim o autor do livro emprega novamente uma velada antecipação. Em 11:12 ele usa outro artifício, favorito, concluindo um argumento com um provérbio. Ele cita a asnice dos homens estúpidos como um realce para a sabedoria divina que é infinita.
✝ Jó 11:11
"Pois ele conhece as pessoas vãs, e vê a maldade; por acaso ele não a consideraria?"
✝ Jó 11:12
"O homem tolo se tornará entendido quando do asno selvagem nascer um humano."
✝ Jó 11:13
"Se tu preparares o teu coração, e estenderes a ele tuas mãos;"
13-20. Compare exortação semelhante de Elifaz (5:8 e segs.) e Bildade (8:57, 20-22). Contrariando a opinião pessimista de Jó (9:28 e 10:15), a busca do favor divino teria sucesso (v.15). Pelo menos seria precedida de completo arrependimento, abrangendo o coração, a mão e o lar (vs. 13,14; cons. Sl. 24:4). Apresentando esta condição Zofar consegue insinuar uma acusação no meio da consolação. A renovação do favor divino será acompanhada de restauração da prosperidade, na qual a presente angústia será esquecida como de águas que passaram (v. 16b). Também, contrariando os presságios de Jó de trevas sem alívio (10:21, 22), um novo despertar da esperança, segurança pacífica e honra, como as de antigamente, estão a sua espera (vs. 17-19).
✝ Jó 11:14
"Se alguma maldade houver em tua mão, lança-a de ti, e não deixes a injustiça habitar em tuas tendas;"
✝ Jó 11:15
"Então levantarás teu rosto sem mácula; estarás firme, e não temerás;"
✝ Jó 11:16
"E esquecerás teu sofrimento, ou lembrarás dele como de águas que já passaram;"
✝ Jó 11:17
"E tua vida será mais clara que o meio-dia; ainda que haja trevas, tu serás como o amanhecer."
✝ Jó 11:18
"E serás confiante, porque haverá esperança; olharás em redor, e repousarás seguro."
✝ Jó 11:19
"E te deitarás, e ninguém te causará medo; e muitos suplicarão a ti."
✝ Jó 11:20
"Porém os olhos dos maus se enfraquecerão, e o refúgio deles perecerá; a esperança deles será a morte."
20a. Mas os olhos dos perversos desfalecerão. A crescente suspeita de Zofar em relação a Jó sugere a prudência de sua consolação sazonada e incrementada com admoestações. Ele conclui identificando a única esperança dos ímpios com a morte, em palavras que claramente lembram a descrição das perspectivas do próprio Jó. O padrão de Zofar de arrependimento e restauração tinha de ser posto em prática; mas de maneira que o surpreenderia.
f) A Réplica de Jó a Zofar. 12:1- 14:22.
Completamente desdenhando a ignorância arrogante de seus conselheiros, Jó os sujeita à crítica devastadora (12:1 - 13:12). Declara sua retidão aos amigos (13:13-19), e apela mais uma vez diretamente a Deus (13:20 - 14:22). No meio desse apelo, uma nova esperança desponta na alma de Jó - a esperança da vida além do Sheol! Embora a melancolia obscureça as palavras finais de Jó, está claro que em sua resposta a Zofar, sua fé começa triunfantemente a subir, saindo do abismo do desespero.
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