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quarta-feira, 7 de maio de 2025

Salmos 59

 

Fonte: Imagesearchman

Salmos 59 - "Protegido em Meio aos Inimigos: A Confiança Inabalável no Deus da Justiça"



Introdução


O Salmo 59 é um clamor fervoroso de Davi em meio à perseguição. Escrito quando Saul enviou homens para vigiar sua casa e tirar-lhe a vida, este salmo expressa a tensão de quem se vê cercado por inimigos implacáveis — mas, acima de tudo, revela a firme confiança em um Deus que é refúgio, escudo e libertador.

Davi não apenas denuncia a injustiça e a violência dos que o cercam, mas também exalta a fidelidade de Deus, que ouve e age a favor dos que O temem. Neste cântico de súplica e louvor, aprendemos que, mesmo em noites de perigo, podemos cantar a misericórdia do Senhor e descansar seguros em Sua proteção. O Salmo 59 nos convida a manter os olhos em Deus quando tudo ao redor parece conspirar contra nós — pois Ele jamais falha.

✝ Salmos 59:1

"Salmo “Mictão” de Davi, para o regente, conforme “Altachete”, quando Saul enviou pessoas para vigiarem sua casa e o matarem: Livra-me de meus inimigos, ó Deus meu; protege-me dos que se levantam contra mim."

Davi inicia este salmo com um pedido urgente: “Livra-me de meus inimigos, ó Deus meu; protege-me dos que se levantam contra mim.” Ele está cercado por espiões enviados por Saul, cujo objetivo é tirá-lo silenciosamente do caminho. É nesse ambiente de perigo que Davi clama ao Senhor — não com desespero vazio, mas com fé. A expressão “ó Deus meu” revela intimidade e confiança: Davi não fala com um Deus distante, mas com o Deus que ele conhece pessoalmente como seu refúgio e libertador.

Além disso, o apelo por proteção contra os que se “levantam contra mim” mostra que Davi reconhece que sua luta não é apenas física, mas também espiritual. São forças que se opõem à vontade de Deus e tentam impedir o propósito divino para sua vida. Esse versículo nos ensina a buscar refúgio em Deus quando formos injustamente perseguidos ou ameaçados. Ele é nosso escudo quando as intenções humanas se voltam contra nós. O clamor de Davi é um convite para colocarmos nossa confiança naquele que tem poder para nos livrar do mal — mesmo quando tudo parece perdido.

✝ Salmos 59:2

"Livra-me dos que praticam perversidade, e salva-me dos homens sanguinários;"

Neste segundo versículo, Davi aprofunda seu clamor: “Livra-me dos que praticam perversidade, e salva-me dos homens sanguinários.” Ele identifica claramente a natureza de seus inimigos — não são apenas opositores políticos ou rivais comuns, mas pessoas marcadas pela maldade e pela violência. A "perversidade" aqui aponta para ações intencionais de injustiça, mentiras, armadilhas e traições. Já os “homens sanguinários” são aqueles dispostos a matar sem remorso, que desprezam a vida do próximo em favor de seus próprios interesses. Davi não está sendo dramático — ele está descrevendo uma realidade cruel, onde sua vida está realmente por um fio.

Essa oração nos mostra que Deus se importa com o que enfrentamos nas mãos de pessoas ímpias. O Senhor não é indiferente ao sofrimento causado por injustiças ou por quem age com crueldade. Ao clamar por livramento e salvação, Davi reconhece que só Deus tem o poder para impedir o avanço do mal. Este versículo é um lembrete poderoso de que, quando estivermos diante de situações de injustiça ou sob ameaça, podemos buscar refúgio em Deus, confiando que Ele vê todas as coisas e age com justiça no tempo certo.

✝ Salmos 59:3

"Porque eis que eles põem ciladas à minha alma; fortes se juntam contra mim; ainda que eu não tenha cometido transgressão nem pecado, ó SENHOR."

Davi expõe aqui a gravidade da situação que enfrenta: “Eis que eles põem ciladas à minha alma”. Os inimigos não atacam apenas seu corpo ou sua reputação, mas sua própria alma — sua vida, seu íntimo, seu propósito. Isso mostra que a intenção daqueles homens vai além do físico: eles querem destruir Davi por completo, com armadilhas sutis, traições e acusações. Ele também destaca que esses inimigos são “fortes” e se unem contra ele, revelando que a oposição é numerosa e poderosa, o que torna a situação ainda mais angustiante aos olhos humanos.

Contudo, o que mais pesa no coração de Davi é o fato de estar sendo perseguido injustamente. Ele afirma diante do Senhor: “ainda que eu não tenha cometido transgressão nem pecado.” Ou seja, Davi sabe que está sendo alvo de uma conspiração mesmo sendo inocente. Este versículo nos ensina que, muitas vezes, pessoas boas enfrentarão perseguições sem causa aparente. Mas também nos encoraja a recorrer a Deus como nosso juiz justo. Quando nossas intenções forem puras e ainda assim formos caluniados ou atacados, podemos confiar que o Senhor conhece nosso coração e lutará por nós.

✝ Salmos 59:4

"Eles correm sem eu ter culpa; desperta para me encontrar, e olha."

Neste versículo, Davi continua seu apelo sincero diante de Deus: “Eles correm sem eu ter culpa.” A imagem é de inimigos agindo com pressa, agitados e determinados em sua maldade — mesmo sem que Davi tenha feito algo para justificá-la. Essa corrida representa uma perseguição intensa, injusta e cruel. Davi reafirma sua inocência, mostrando que está sofrendo não por erros próprios, mas por causa da inveja, ódio e malícia de outros. Essa realidade ecoa na vida de muitos que, assim como ele, enfrentam ataques e acusações sem fundamento.

A seguir, Davi clama: “Desperta para me encontrar, e olha.” Aqui, vemos um coração que anseia pela intervenção divina. Davi não está sugerindo que Deus está dormindo, mas está usando uma linguagem humana para expressar seu desejo de que o Senhor entre em ação rapidamente. Ele pede que Deus se levante, que venha ao seu encontro — ou seja, que esteja presente em sua dor — e que olhe com atenção para o que está acontecendo. Esse versículo nos ensina a orar com confiança e coragem, apresentando nossa situação ao Senhor com fé de que Ele vê, se importa e virá ao nosso socorro no tempo certo.

✝ Salmos 59:5

"Tu, SENHOR, Deus dos exércitos, Deus de Israel, desperta para julgar a todas estas nações; não tenhas misericórdia de nenhum dos enganadores que praticam perversidade. (Selá)"

Neste versículo, Davi amplia sua visão do problema e invoca a autoridade suprema de Deus: “Tu, SENHOR, Deus dos Exércitos, Deus de Israel...” Ele não está mais falando apenas como um homem injustiçado, mas como um servo que reconhece o domínio absoluto de Deus sobre todos os povos. Ao chamar Deus de “Deus dos Exércitos”, Davi apela à força invencível do Senhor, aquele que comanda anjos e pode derrotar qualquer inimigo. Ao mesmo tempo, ele lembra que esse Deus é o “Deus de Israel” — um Deus que tem aliança com Seu povo e é fiel às Suas promessas.

Davi então faz um pedido duro, mas justo: “Desperta para julgar... não tenhas misericórdia dos enganadores que praticam perversidade.” Ele clama por justiça, e não por vingança pessoal. Ao pedir que Deus não tenha misericórdia dos perversos, Davi está pedindo que o Senhor trate com severidade aqueles que, de forma consciente e contínua, espalham o mal. O uso de "Selá" aqui convida o leitor a pausar e refletir: a justiça de Deus é real, e Seu juízo é certo. Este versículo nos ensina que podemos confiar que o Senhor, em Sua santidade, julgará retamente todas as nações e trará à luz toda injustiça.

✝ Salmos 59:6

"Eles voltam ao anoitecer, latem como cães, e rodeiam a cidade."

Neste versículo, Davi descreve seus inimigos como cães selvagens que “voltam ao anoitecer, latem como cães, e rodeiam a cidade.” A figura do cão, nesse contexto bíblico, não representa um animal de estimação, mas criaturas impuras, perigosas e ameaçadoras. Esses homens, comparados a cães, são persistentes, barulhentos e atacam em grupo, voltando repetidamente para tentar capturar ou prejudicar Davi. Ao mencionar que voltam à noite, Davi também destaca o caráter sorrateiro e covarde de seus inimigos — agem nas sombras, buscando ferir no momento de maior vulnerabilidade.

A imagem de "rodear a cidade" mostra que esses perseguidores não apenas observam, mas cercam, cercam, buscando brechas, intimidando e pressionando como predadores impacientes. Essa descrição nos lembra que muitas vezes os ataques que enfrentamos — sejam espirituais, emocionais ou até sociais — não são diretos ou claros, mas envolvem vigilância maliciosa, críticas constantes ou armadilhas sutis. Porém, mesmo diante dessa ameaça contínua, Davi não perde sua confiança em Deus. Ele reconhece o perigo, mas o apresenta a um Deus que tudo vê e tudo pode. Essa atitude nos inspira a sermos vigilantes e firmes, confiando que o Senhor nos guardará mesmo quando estivermos cercados pelo mal.

✝ Salmos 59:7

"Eis que vomitam com as bocas deles, seus lábios são como espadas; porque dizem : Quem ouve?"

Davi prossegue sua descrição dos inimigos com palavras fortes: “Eis que vomitam com as bocas deles...” Aqui, ele expõe a natureza maldosa das palavras que saem daqueles que o perseguem. São palavras tóxicas, repulsivas, carregadas de mentira, calúnia e crueldade. Ele compara esse discurso ao vômito — algo que sai do íntimo e revela impureza interior. “Seus lábios são como espadas” reforça a ideia de que as palavras têm poder destrutivo. Eles não apenas atacam fisicamente, mas usam a língua para ferir, manipular, acusar e destruir reputações. É uma violência verbal, e Davi a reconhece como arma tão mortal quanto uma espada afiada.

No fim do versículo, Davi revela a arrogância desses homens: “Porque dizem: Quem ouve?” Eles falam como se Deus não estivesse vendo nem ouvindo. Essa é a raiz da perversidade — a ideia de que podem fazer o que quiserem sem prestar contas a ninguém. Esse versículo é um alerta para todos nós: palavras têm peso, e Deus ouve o que é dito, especialmente quando se trata de injustiça e malícia. Mesmo que o mundo ignore as calúnias ou os ataques verbais, o Senhor está atento, e Ele julgará com justiça. Davi, ao expor isso em oração, nos ensina a levar até Deus até mesmo as feridas causadas por palavras cruéis.

✝ Salmos 59:8

"Porém tu, SENHOR, rirás deles; zombarás de todas as nações."

Davi, após descrever a maldade de seus inimigos, vira seu olhar para o Senhor e declara: “Porém tu, SENHOR, rirás deles; zombarás de todas as nações.” Este versículo expressa a confiança inabalável de Davi na vitória de Deus sobre os que se opõem ao Seu plano. Embora os inimigos se sintam seguros em suas maldades e, por um momento, pensem que terão êxito, Davi afirma que Deus, com Sua grandeza, ri diante de suas ameaças. Este "rir" de Deus não é um riso de diversão, mas um riso de desdém e superioridade. Deus não é intimidado pelas ameaças humanas; Ele possui uma soberania que nada pode desafiar.

A frase "zombarás de todas as nações" revela que, embora os inimigos de Davi sejam poderosos e suas ameaças sejam reais, nenhum poder humano pode se comparar ao poder de Deus. As nações podem se levantar contra o Senhor, mas Ele é o Rei soberano de todo o universo, e em Seu tempo e de acordo com Sua vontade, Ele fará justiça. Para Davi, essa visão de um Deus que ri das forças do mal fortalece sua fé, pois ele sabe que o Senhor tem pleno controle sobre todos os aspectos da história. Este versículo nos ensina a ter uma visão correta da soberania de Deus: por mais que os homens tentem se levantar contra a justiça divina, Ele sempre estará no controle, e Sua vitória é certa.

✝ Salmos 59:9

"Por causa de sua força, eu te aguardarei; porque Deus é o meu refúgio."

Davi declara: “Por causa de sua força, eu te aguardarei; porque Deus é o meu refúgio.” Aqui, ele se posiciona com firmeza em meio à ameaça. Ele reconhece que seus inimigos são fortes, mas não se desespera por isso. Pelo contrário, ele escolhe esperar em Deus, porque sabe que a verdadeira força — a força que importa — vem do Senhor. Esse esperar não é passividade, mas uma atitude de confiança. É como quem se abriga durante uma tempestade e, mesmo ouvindo os ventos e trovões, permanece em paz porque está protegido em lugar seguro.

A segunda parte do versículo reforça essa segurança: “porque Deus é o meu refúgio.” Refúgio é o lugar onde se encontra proteção contra o perigo — é a rocha firme, a sombra no calor, a muralha em tempos de guerra. Davi não está confiando em sua habilidade, nem em amigos ou estratégias. Seu refúgio é o próprio Deus. Este versículo nos ensina a esperar com fé, mesmo quando os inimigos parecem mais fortes. Quando depositamos nossa confiança no Senhor, podemos descansar seguros, sabendo que Ele é nossa fortaleza e nunca falhará.

✝ Salmos 59:10

"O Deus que tem bondade para comigo me antecederá; Deus me fará ver o fim dos meus inimigos."

Davi começa dizendo: “O Deus que tem bondade para comigo me antecederá”. Essa é uma afirmação de fé extraordinária. Ele está dizendo que Deus vai à frente — que o Senhor não apenas responde quando clamamos, mas antecipa nossas lutas e já está agindo antes mesmo de pedirmos. E mais: esse Deus que o precede é cheio de bondade. Isso nos mostra que, mesmo em meio à perseguição e ao caos, há um amor constante guiando os passos dos que confiam no Senhor. Davi se apoia nesse caráter amoroso de Deus, reconhecendo que Ele não é apenas poderoso, mas também profundamente compassivo.

Na segunda parte, Davi afirma: “Deus me fará ver o fim dos meus inimigos.” Ele não está falando de vingança pessoal, mas de justiça divina. Ele crê que verá o desfecho da perseguição, e esse fim será decidido por Deus. Essa confiança lhe dá paz no presente, porque sabe que o mal não triunfará para sempre. O versículo nos ensina que, por mais dura que seja a luta, o fim dela está nas mãos de Deus — e quem Nele confia não será envergonhado. O Senhor vai adiante de nós, e no tempo certo, nos fará ver a vitória sobre tudo aquilo que hoje nos ameaça.

✝ Salmos 59:11

"Não os mates, para que meu povo não se esqueça; faze-os fugir de um lado para o outro pelo teu poder, e abate-os; ó Senhor, escudo nosso;"

Davi pede algo inusitado: “Não os mates, para que meu povo não se esqueça.” Em vez de pedir a morte imediata dos seus inimigos, ele clama para que Deus os preserve — mas debaixo de humilhação e disciplina — para que o povo de Deus não se esqueça da justiça divina. Ele entende que, se os perversos forem destruídos de uma só vez, o povo pode logo esquecer a lição. Mas se forem derrubados gradualmente, sendo expostos e enfraquecidos aos olhos de todos, servirão como um lembrete vivo de que ninguém escapa da mão do Senhor. Davi está pensando além de si mesmo — está preocupado com o impacto espiritual sobre o povo de Deus.

Depois, ele clama: “Faze-os fugir de um lado para o outro pelo teu poder, e abate-os.” Ou seja, que sejam espalhados, desorientados, derrotados — não pelo braço humano, mas pelo poder de Deus. A última frase, “ó Senhor, escudo nosso”, mostra que Davi não apenas confia na ação de Deus, mas se refugia nela. Ele reconhece que o Senhor é escudo — proteção ativa e constante. Este versículo nos ensina que, muitas vezes, o juízo de Deus não vem de forma rápida, mas progressiva, para que sirva de testemunho e ensino. E mais: a verdadeira proteção não está na força humana, mas no escudo invisível do Senhor que luta por nós.

✝ Salmos 59:12

"Por causa do pecado da boca deles e da palavra de seus lábios; e sejam presos em sua arrogância pelas maldições e pelas mentiras que contam."

Davi revela aqui a raiz da condenação dos ímpios: “Por causa do pecado da boca deles e da palavra de seus lábios.” Ele reconhece que as palavras faladas têm peso espiritual. O que os inimigos dizem — mentiras, maldições, calúnias — são pecados que sobem diante de Deus. Não são apenas ações visíveis que importam, mas também o que sai da boca, pois revela o que está no coração. Davi não está exagerando: ele entende que a língua pode ser uma arma destruidora. A Bíblia reforça isso em outros textos, como em Tiago 3, onde a língua é descrita como “um fogo”.

Na sequência, Davi pede que sejam presos em sua arrogância — ou seja, que os próprios pecados dos ímpios sirvam de armadilha para eles. Isso mostra como o orgulho é uma porta aberta para a queda. Aqueles que se exaltam, que confiam em sua maldade, que mentem e amaldiçoam achando que nunca serão confrontados, acabam enredados por suas próprias palavras. Essa oração de Davi é, ao mesmo tempo, um clamor por justiça e um alerta para todos: o que falamos tem consequências, e Deus não é indiferente ao pecado que nasce dos lábios. Este versículo nos ensina a temer ao Senhor também com nossas palavras — que nossas bocas sejam fontes de verdade, graça e reverência.

✝ Salmos 59:13

"Destrói -os em tua ira; destrói -os para que nunca mais existam; para que saibam que Deus governa em Jacó até os limites da terra. (Selá)"

Davi eleva sua súplica e declara: “Destrói-os em tua ira; destrói-os para que nunca mais existam.” Aqui vemos um clamor forte por juízo, mas não motivado por vingança pessoal, e sim por zelo pela justiça de Deus. Davi está pedindo que o Senhor trate com firmeza aqueles que persistem na maldade e na arrogância, que são uma ameaça contínua ao povo e à verdade. A repetição do verbo “destrói” mostra a intensidade do desejo de ver o fim do domínio do mal. Davi sabe que há um limite para a paciência divina — e que chega o tempo em que a justiça precisa ser manifesta de forma definitiva.

O objetivo do juízo é claro na sequência: “para que saibam que Deus governa em Jacó até os limites da terra.” Davi deseja que, por meio da queda dos ímpios, fique evidente para todos os povos — tanto em Israel (“Jacó”) quanto fora dela — que Deus está no controle. Ele reina soberano não apenas sobre um povo, mas sobre toda a terra. O “Selá” ao final convida à pausa, à meditação: este não é um pedido impensado, mas uma oração séria, feita por alguém que compreende o peso da justiça divina. Este versículo nos ensina que a soberania de Deus será reconhecida, cedo ou tarde, e que Ele mesmo se encarrega de trazer juízo e restaurar a verdade, para que todos saibam quem é o verdadeiro Rei.

✝ Salmos 59:14

"Eles voltam ao anoitecer, latem como cães, e rodeiam a cidade."

Davi repete a descrição do versículo 6: “Eles voltam ao anoitecer, latem como cães, e rodeiam a cidade.” Essa repetição não é por acaso — ela reforça o perigo contínuo e a natureza incansável dos inimigos. Eles não desistem facilmente. Como cães selvagens, voltam a cada noite, rondando, uivando, espalhando medo. O "anoitecer" simboliza o tempo da escuridão, o momento de maior vulnerabilidade, e nos lembra que muitas vezes o mal age quando menos esperamos, quando estamos mais fracos ou distraídos.

Ao retratar os perseguidores dessa forma, Davi mostra que sua angústia não era passageira, mas constante. No entanto, o fato de ele repetir essa imagem depois de já ter declarado que Deus reina e destruirá os ímpios, revela algo importante: mesmo quando o mal parece persistente, a fé deve continuar firme. Davi está consciente da ameaça, mas está ainda mais consciente da fidelidade de Deus. Essa combinação de realismo e fé é algo que devemos aprender: reconhecer o perigo sem perder a confiança no poder do Senhor. O mal pode rodear, mas quem está com Deus está guardado.

✝ Salmos 59:15

"Andam de um lado para o outro por comida, e rosnam se não estiverem saciados."

Davi diz: “Andam de um lado para o outro por comida, e rosnam se não estiverem saciados.” Ele continua descrevendo seus inimigos como cães selvagens — famintos, inquietos, ameaçadores. Essa busca desesperada por alimento simboliza o vazio interior daqueles que vivem afastados de Deus. Eles rondam, buscam, mas nunca estão satisfeitos. São guiados pela ganância, pela violência, pela vontade de consumir e dominar. Quando não conseguem o que querem, “rosnam” — reagem com mais ódio, mais fúria, como animais famintos e perigosos. Essa imagem é poderosa: mostra que o coração longe de Deus é insaciável, inquieto e sempre à beira de explodir em agressividade.

Ao mostrar esse retrato, Davi também nos lembra que o mal tem uma natureza autodestrutiva. Quem vive buscando satisfazer seus próprios desejos às custas dos outros, sem temor do Senhor, acaba se tornando prisioneiro de sua própria fome — uma fome que nunca acaba. Este versículo também é um contraste com o que Davi experimenta em Deus: enquanto os ímpios vagueiam famintos, o justo encontra descanso e sustento no Senhor. A verdadeira saciedade da alma não está na violência nem no poder, mas na presença de Deus.

✝ Salmos 59:16

"Mas eu cantarei sobre tua força; e pela manhã com alegria louvarei tua bondade; porque tu tens sido meu alto refúgio e abrigo no dia da minha angústia."

Davi começa dizendo: “Mas eu cantarei sobre tua força; e pela manhã com alegria louvarei tua bondade.” O “mas” aqui é poderoso — ele faz contraste com o caos e a ameaça representados pelos inimigos nos versículos anteriores. Enquanto os perversos rosnam e vagueiam insatisfeitos, Davi escolhe cantar. Mesmo cercado por perigos, ele encontra motivo para louvar. Isso mostra a diferença entre quem vive com Deus e quem vive longe Dele: Davi não está dominado pelo medo, mas transbordando de fé. E ele decide cantar “pela manhã”, o que pode simbolizar uma nova esperança, um novo recomeço, mesmo após uma noite difícil.

A razão do seu louvor está na continuação: “porque tu tens sido meu alto refúgio e abrigo no dia da minha angústia.” Davi não está falando de uma teoria, mas de uma experiência vivida. Deus foi, de fato, seu refúgio — um lugar seguro, elevado, inalcançável pelos inimigos. E foi no dia da angústia, ou seja, no momento da aflição, que o Senhor se revelou como abrigo fiel. Esse versículo nos ensina que, mesmo em tempos sombrios, é possível encontrar alegria no Senhor. E mais: quando fazemos de Deus nosso refúgio, teremos sempre um cântico novo para oferecer, mesmo que o mundo ao redor esteja desmoronando.

✝ Salmos 59:17

"Cantarei louvores a ti, que és minha força; porque Deus é o meu refúgio, ó Deus de bondade para comigo."

Davi declara com firmeza: “Cantarei louvores a ti, que és minha força.” Ele não canta por vitória ainda não alcançada, mas pela força que Deus já lhe deu. Davi entende que sua capacidade de suportar a perseguição, manter a fé e permanecer de pé vem do Senhor. Por isso, seu louvor é cheio de reconhecimento e adoração. Ele não atribui sua resistência a estratégias ou méritos próprios — Deus é a sua força, e é a Ele que Davi direciona seus cânticos. Essa atitude mostra um coração humilde, dependente e profundamente grato.

Na sequência, ele reafirma: “porque Deus é o meu refúgio, ó Deus de bondade para comigo.” Davi termina o salmo do mesmo modo que o viveu: confiando em Deus como refúgio — lugar de segurança em meio ao perigo. E ele acrescenta algo muito pessoal: “Deus de bondade para comigo.” Aqui, ele reconhece não apenas o poder de Deus, mas a ternura de Deus, Sua misericórdia particular, íntima. Davi sabe que, em toda a luta, Deus não apenas o protegeu, mas o tratou com cuidado e amor. Este versículo nos ensina que o louvor deve ser contínuo, mesmo em tempos difíceis, e que a bondade de Deus é pessoal, real e presente para todos que Nele confiam.


Resumo do Salmos 59


O Salmo 59 foi escrito por Davi em um momento de perseguição intensa, quando Saul enviou homens para vigiar sua casa e matá-lo. É um clamor por livramento e justiça, mas também um cântico de confiança e louvor.

Davi inicia pedindo proteção contra inimigos cruéis e sanguinários, que o atacam sem motivo. Ele descreve esses homens como perigosos, arrogantes e violentos, comparando-os a cães famintos que rondam a cidade à noite. Apesar da ameaça constante, Davi afirma que Deus está no controle e que zombará dos ímpios.

Ao longo do salmo, ele alterna entre súplicas de juízo sobre os inimigos e declarações de fé no poder e na bondade de Deus. Pede que os ímpios sejam expostos, não para simples destruição, mas para que sirvam de testemunho à nação de que Deus reina sobre toda a terra.

Nos versos finais, Davi se levanta em louvor: mesmo cercado por perigos, ele decide cantar e exaltar a Deus como sua força, refúgio e Deus de bondade. O salmo termina com uma nota de confiança inabalável — a certeza de que Deus está presente, é justo e cuida pessoalmente dos que Nele confiam.


Referências


BÍBLIA SAGRADA: Antigo Testamento. Salmos 59. São Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil, 2011.

CALVINO, João. Comentário sobre os Salmos. 1. ed. São Paulo: Editora Vida, 2007. p. 334-336.

SANTOS, Luiz Eduardo dos. Salmos: Oração e louvor a Deus. 3. ed. Rio de Janeiro: Editora Betânia, 2013. p. 112-114.

MENEZES, José Carlos. Aprofundando o Salmo 59: Uma reflexão sobre a justiça divina. Revista de Estudos Bíblicos, v. 18, p. 45-58, 2019.

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