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Fonte: Imagesearchman |
SALMOS 65 - "O Deus que Ouve e Fartamente Supre"
Introdução
O Salmo 65 é uma celebração poderosa da bondade de Deus em ouvir as orações e suprir abundantemente a criação. Davi, em um tom de gratidão e reverência, reconhece que todo louvor pertence ao Senhor, que responde às súplicas do Seu povo e se mostra fiel tanto no espiritual quanto no material. Este salmo nos leva a contemplar um Deus que não está distante, mas que age na história, perdoa os pecados, cuida da terra, envia chuvas, faz os campos florescerem e coroa o ano com bênçãos.
Nesta leitura, somos convidados a renovar a confiança em um Deus que não apenas escuta, mas responde, transforma e sustenta. Ele é digno de louvor, não apenas pelo que faz, mas por quem Ele é: soberano, justo e generoso. Que ao meditar neste salmo, seu coração se encha de esperança e gratidão.
✝ Salmos 65:1
"Salmo e cântico de Davi, para o regente: A ti, Deus, pertence a tranquilidade e o louvor em Sião; e a ti será pago o voto."
Davi inicia este salmo com uma declaração de entrega e reverência: a Deus pertence o louvor e a tranquilidade. Em outras palavras, o descanso da alma e a adoração sincera são dons que encontram seu verdadeiro lugar em Deus. Sião, a cidade santa, simboliza não apenas Jerusalém, mas também o centro da adoração do povo de Israel. Ali, os fiéis se reuniam para prestar culto, oferecer sacrifícios e pagar os votos feitos ao Senhor. O versículo mostra que Deus não apenas merece louvor, mas que é o destino natural de toda paz interior.
Além disso, a expressão “a ti será pago o voto” revela uma dimensão de compromisso e fidelidade. Não se trata de um louvor vazio ou apenas emocional, mas de uma resposta prática à graça de Deus — uma vida de obediência e reconhecimento. Davi está dizendo que o povo se compromete não apenas a louvar com palavras, mas a cumprir o que prometeu diante de Deus. É um convite para que hoje também vivamos uma fé que não seja apenas declarada com a boca, mas confirmada com atitudes e devoção constante.
✝ Salmos 65:2
"Tu, que ouves as orações; toda carne virá a ti."
Neste versículo, Davi declara uma verdade poderosa e reconfortante: Deus ouve as orações. Ele não é um ser distante, inacessível ou indiferente às necessidades humanas. Pelo contrário, o Senhor se revela como alguém atento às súplicas, compassivo e pronto para responder. Isso fortalece a fé e alimenta a esperança de que, mesmo em tempos difíceis, não estamos falando ao vento. Deus está ouvindo. E ouvir, nesse contexto, vai além de escutar — implica em agir, em se envolver.
A segunda parte do versículo — “toda carne virá a ti” — aponta para algo grandioso: a universalidade da busca por Deus. Toda carne, ou seja, todos os seres humanos, são convidados a se achegar ao Senhor. Essa expressão revela que a necessidade de Deus é comum a toda humanidade. Davi antecipa aqui um movimento de fé que vai além de Israel, uma visão profética de que toda⁷s as nações um dia buscarão o Deus verdadeiro. O versículo nos ensina que a oração é o caminho de aproximação entre o homem e Deus, e que o Senhor é acessível a todos os que o buscam com sinceridade.
✝ Salmos 65:3
"Perversidades têm me dominado, porém tu tiras a culpa de nossas transgressões."
Davi reconhece uma realidade profunda da condição humana: somos frequentemente dominados por nossas próprias perversidades, por tendências pecaminosas que nos afastam de Deus. Ele não tenta esconder sua fraqueza nem justificar seus erros. Pelo contrário, ele confessa que o pecado o domina. Esse ato de humildade revela um coração sensível e consciente da sua necessidade de misericórdia. É um lembrete de que até mesmo os mais íntimos com Deus enfrentam lutas internas e quedas espirituais.
Mas a segunda parte do versículo traz a esperança: "porém tu tiras a culpa de nossas transgressões." Aqui está a beleza do perdão divino. Deus não apenas ouve as orações, como vimos antes, mas Ele age para libertar e purificar. Ele remove a culpa, restaura o relacionamento e oferece uma nova chance. A palavra "tirar a culpa" carrega a ideia de expiação, de limpar o que está sujo, de aliviar o coração oprimido pelo pecado. Esse versículo nos aponta diretamente para a graça: embora sejamos falhos, Deus é fiel em nos perdoar. Isso nos leva à adoração com mais sinceridade e ao compromisso com uma vida transformada.
✝ Salmos 65:4
"Bem-aventurado é aquele a quem tu escolhes, e o fazes aproximar, para que habite em teus cômodos; seremos fartos do bem de tua casa, na santidade de teu templo."
Neste verso, Davi celebra o privilégio de ser escolhido por Deus e de poder habitar na Sua presença. Ele declara que bem-aventurado, ou seja, verdadeiramente feliz e abençoado, é aquele a quem Deus atrai para perto de Si. Não se trata de mérito humano, mas de um chamado divino — é Deus quem escolhe e aproxima. Essa proximidade com o Senhor não é apenas um encontro momentâneo, mas um convite para habitar nos cômodos de Deus, viver em comunhão contínua com Ele, desfrutar da intimidade com o Pai.
A segunda parte do versículo revela o resultado dessa comunhão: “seremos fartos do bem de tua casa, na santidade de teu templo.” Isso aponta para uma abundância que vai além do material — é fartura espiritual, alegria, paz, direção e santidade. Estar na casa de Deus é estar num lugar de plenitude, onde a alma encontra o que realmente precisa. O templo representa a presença santa do Senhor, e o salmista nos mostra que é nesse ambiente de santidade que somos verdadeiramente saciados. É uma promessa de sustento e renovação para todos que se aproximam com fé e reverência.
✝ Salmos 65:5
"Tu nos responderá de forma justa por meio de coisas temíveis. O Deus de nossa salvação é a confiança de todos os limites da terra, e dos lugares mais distantes do mar."
Neste versículo, Davi reconhece que Deus responde ao Seu povo com justiça — e, às vezes, essa resposta se manifesta através de coisas temíveis, ou seja, ações poderosas, impressionantes e até assustadoras aos olhos humanos. O termo “temíveis” não está relacionado ao medo destrutivo, mas ao temor reverente diante da grandeza e do poder de Deus. Ele age de forma reta, e Suas intervenções no mundo — seja em juízo ou em salvação — sempre demonstram Sua justiça perfeita. Isso nos lembra que nem sempre entenderemos os caminhos de Deus, mas podemos confiar neles, porque Ele nunca erra.
Na segunda parte, Davi amplia a visão: Deus é a confiança de todos os limites da terra e dos mares distantes. Ele não é um Deus tribal ou limitado a Israel — Ele é o Senhor de toda a criação. Pessoas de todos os cantos da terra e dos oceanos podem colocar Nele sua esperança. Essa declaração é quase profética, antecipando a abrangência do evangelho e a salvação disponível para todos os povos. É uma afirmação poderosa de que a soberania e a salvação de Deus se estendem até os lugares mais remotos, alcançando aqueles que O buscam, mesmo onde a presença d’Ele ainda não foi proclamada com clareza.
✝ Salmos 65:6
"Ele é o que firma os montes com sua força, revestido de poder."
Neste versículo, Davi exalta a grandiosidade de Deus como Criador e Sustentador da natureza. Ele declara que é o Senhor quem firma os montes, ou seja, quem dá estabilidade às maiores e mais imponentes estruturas da terra. Os montes, símbolos de força, permanência e majestade, só permanecem de pé porque Deus os sustenta com Sua força. Isso nos lembra que tudo o que parece inabalável aos olhos humanos só é assim porque Deus o mantém.
Ao dizer que Deus está revestido de poder, Davi aponta para uma característica constante do Senhor: Ele é coberto, cercado e vestido de autoridade divina. Não se trata apenas de poder físico ou força bruta, mas de um poder soberano, absoluto e perfeito. Este versículo nos chama a confiar em Deus não apenas como Salvador, mas também como o Deus poderoso que sustenta todas as coisas. Quando olhamos para os montes, somos convidados a lembrar que Aquele que os firma também é capaz de nos sustentar, nos fortalecer e nos manter de pé, mesmo diante das maiores dificuldades.
✝ Salmos 65:7
"Ele é o que amansa o ruído dos mares, o ruído de suas ondas, e o tumulto dos povos."
Davi compara o poder de Deus sobre a natureza com Seu domínio sobre as nações. Ele começa mostrando que Deus é quem acalma o barulho dos mares e das suas ondas, ou seja, que Ele tem autoridade até mesmo sobre as forças mais indomáveis da criação. O mar, muitas vezes, simboliza o caos, o imprevisível e o incontrolável. Mas diante do Criador, até o oceano se aquieta. Isso demonstra que não existe tumulto ou força natural que Deus não possa conter.
O versículo continua: “e o tumulto dos povos.” Aqui, Davi amplia a aplicação: assim como Deus amansa as ondas, Ele também pode acalmar as confusões e os conflitos humanos. O "tumulto dos povos" representa as guerras, rebeliões, injustiças, medos coletivos e o caos social. Essa parte do salmo é um lembrete poderoso de que o Senhor reina sobre as nações, que Ele tem a capacidade de trazer paz onde há desordem, tanto no mundo externo quanto no nosso coração. Em tempos de instabilidade, essa é uma verdade que traz descanso: o mesmo Deus que silencia o mar, também pode silenciar as tempestades dentro de nós.
✝ Salmos 65:8
"Até os que habitam nos lugares mais distantes temem teus sinais; tu fazes alegres o nascer e o pôr do sol."
Davi nos mostra neste versículo que a presença e os sinais de Deus não estão limitados a um povo ou lugar. Até os que vivem nos lugares mais distantes da terra — povos desconhecidos, em regiões remotas — temem os sinais do Senhor. Esse "temor" não significa medo paralisante, mas um reconhecimento reverente da grandeza de Deus. Os sinais divinos — como relâmpagos, chuvas, colheitas ou até juízos — são percebidos por toda a humanidade, e produzem admiração, respeito e espanto.
Na segunda parte, Davi enche o versículo de poesia e beleza ao dizer: "tu fazes alegres o nascer e o pôr do sol." O início e o fim de cada dia são apresentados como momentos marcados pela alegria que Deus proporciona. O sol nascendo e se pondo são como obras de arte diárias que testemunham o cuidado, a fidelidade e a beleza do Criador. Mesmo quem nunca ouviu falar de Deus de maneira direta, pode sentir Seu toque na criação. Este versículo nos lembra que a glória de Deus é visível desde o leste até o oeste, e que Sua bondade se renova a cada manhã e encerra o dia com paz.
✝ Salmos 65:9
"Tu visitas a terra, e a regas; tu a enriqueces; o rio de Deus está cheio de águas; tu preparas a terra ,e lhes dá trigo."
Davi reconhece o Senhor como o grande Provedor e Agricultor da criação. Ele começa declarando que Deus visita a terra — ou seja, Ele não está ausente, mas presente, ativo, cuidando de tudo. Ao regar a terra, Ele supre uma das maiores necessidades do solo para produzir frutos. A água é símbolo de vida, renovação e abundância, e Deus a fornece com generosidade, enriquecendo a terra. Nada na natureza é fruto do acaso; tudo depende da bondade de Deus.
Quando Davi menciona que "o rio de Deus está cheio de águas", ele está falando da fonte inesgotável da provisão divina. Esse rio representa a abundância celestial que transborda sobre a terra, alimentando as plantações, sustentando o ciclo da vida e garantindo o alimento do povo. Deus prepara a terra — Ele cuida dos detalhes, trabalha antes mesmo que o homem plante — e então dá o trigo, o alimento essencial. Esse versículo é um lembrete poderoso de que todo sustento vem de Deus, e que até os processos naturais são manifestações do Seu cuidado contínuo. A gratidão é a resposta natural a um Deus que provê com tamanha fidelidade.
✝ Salmos 65:10
"Enche seus regos de águas ,fazendo-as descer em suas margens; com muita chuva a amoleces, e abençoas o que dela brota."
Davi segue descrevendo poeticamente como Deus age com precisão e carinho sobre a terra. Os regos de águas são os canais abertos no solo para irrigação. Aqui, vemos que Deus enche esses regos, cuidando para que a água chegue exatamente onde é necessária. Isso mostra não só a generosidade divina, mas também Sua organização e intencionalidade: Ele não derrama bênçãos aleatórias, mas as distribui com sabedoria.
A imagem da chuva que amolece o solo nos fala de preparação — o coração endurecido, assim como a terra seca, precisa ser suavizado para receber a semente. Deus, então, abençoa o que brota: Ele não só prepara, mas também faz crescer. É uma poderosa metáfora da ação de Deus em nossas vidas — Ele nos rega com Sua Palavra, amolece nosso coração, planta verdades eternas e faz com que frutos de justiça, fé e amor floresçam. Esse versículo nos ensina que a bênção de Deus não é apenas uma ação pontual, mas um processo contínuo de cuidado e crescimento.
✝ Salmos 65:11
"Coroas o ano com tua bondade; e teus caminhos transbordam fartura."
Davi declara que Deus coroa o ano com Sua bondade — uma imagem linda e simbólica. Coroar o ano significa envolvê-lo completamente com graça, do início ao fim. Mesmo que existam dificuldades ou períodos secos, o salmista nos lembra que a mão de Deus está sobre todo o ciclo da vida, e que Sua bondade é a marca final do ano. Isso nos convida a olhar para cada estação com olhos de fé, sabendo que, no fim, o que prevalece é o cuidado e o favor divino.
A segunda parte é uma promessa encorajadora: “teus caminhos transbordam fartura.” Onde Deus passa, há abundância — não só de recursos materiais, mas também de paz, alegria, direção e presença. Os caminhos do Senhor são fontes inesgotáveis de provisão e plenitude. Essa fartura não depende das circunstâncias humanas, mas da fidelidade divina. Por isso, mesmo em tempos difíceis, podemos confiar que os caminhos de Deus conduzem a um destino de bênção.
✝ Salmos 65:12
"Eles são derramados sobre os pastos do deserto; e os morros se revestem de alegria."
Neste verso, Davi continua exaltando o derramamento da bênção de Deus sobre a criação. A expressão “eles são derramados” refere-se à fartura mencionada no versículo anterior — os frutos do cuidado divino, como a chuva, o alimento, e a abundância espiritual. Essa fartura alcança até os pastos do deserto, lugares que normalmente simbolizam aridez, escassez e abandono. Ou seja, até os desertos florescem quando tocados pela bondade de Deus. Isso nos mostra que nenhum lugar está fora do alcance da provisão divina — mesmo o mais seco dos terrenos pode se tornar fértil quando Deus decide abençoar.
Na segunda parte, lemos que “os morros se revestem de alegria”. A natureza inteira responde com júbilo à ação de Deus. Os montes, elevados e silenciosos, tornam-se expressão visível da alegria e da vida que fluem do Criador. Essa imagem poética aponta para uma verdade espiritual profunda: quando Deus age, até o ambiente muda; tristeza dá lugar à alegria, e o seco se transforma em fértil. É um convite para confiarmos que, mesmo nas áreas desertas da nossa vida, Deus pode derramar o Seu favor e renovar todas as coisas.
✝ Salmos 65:13
"Os campos se revestem de rebanhos, e os vales são cobertos de trigo; e por isso se alegram e cantam."
Davi encerra este salmo com uma poderosa imagem de plenitude: os campos cheios de rebanhos e os vales cobertos de trigo simbolizam o resultado visível da bênção de Deus. A terra está frutífera, o sustento é abundante, e tudo ao redor exala vida e provisão. Isso mostra que, quando Deus age, não há apenas o suficiente — há fartura, há beleza, e há ordem. Cada espaço é preenchido com aquilo que representa cuidado e nutrição, tanto para os animais como para os seres humanos.
A resposta natural da criação diante dessa abundância é a alegria e o cântico. Davi personifica os campos e vales como se tivessem voz — eles se alegram e cantam, porque reconhecem a generosidade do Criador. Esse cântico é o louvor que brota quando se contempla a fidelidade de Deus. Assim também deve ser em nossas vidas: quando reconhecemos tudo o que Deus tem feito — mesmo nos detalhes mais simples — nossa resposta deve ser de gratidão, alegria e adoração. O Salmo 65 termina com a natureza em festa, e nos convida a unir nossa voz a esse louvor, reconhecendo que tudo vem de Deus.
Resumo do Salmos 65
O Salmo 65 é um cântico de louvor escrito por Davi, que exalta o cuidado, a provisão e o poder de Deus tanto na esfera espiritual quanto na criação. Ele começa reconhecendo que o louvor pertence ao Senhor em Sião, e que Ele é digno de receber votos e orações, pois ouve o clamor de toda a humanidade.
Davi reconhece que, embora os pecados sejam muitos, é Deus quem perdoa e purifica. Bem-aventurado é aquele a quem o Senhor escolhe e aproxima de Si, permitindo que habite em Sua presença e desfrute da Sua santidade. O salmo declara que Deus responde com justiça e realiza obras tremendas, sendo a esperança de todos, até dos confins da terra e dos mares distantes.
O salmista também louva o Senhor por Seu domínio sobre a natureza: Ele firma os montes com força, acalma o barulho dos mares e o tumulto das nações. Seus sinais despertam temor até nos lugares mais remotos, e o nascer e o pôr do sol se tornam momentos de alegria.
Referências
Referência da Bíblia em Almeida Revista e Atualizada (ARA):
BÍBLIA. Português. Almeida Revista e Atualizada. 2. ed. Barueri, SP: Sociedade Bíblica do Brasil, 1999. Salmo 65.
Referência da Bíblia de Estudo NVI (Nova Versão Internacional):
BÍBLIA. Português. Nova Versão Internacional. Bíblia de Estudo NVI. São Paulo: Editora Vida, 2003. Salmo 65.
Comentário bíblico: STAMPS, Donald C. (Ed.). Bíblia de Estudo Pentecostal. Tradução de João Ferreira de Almeida Revista e Corrigida. Rio de Janeiro: CPAD, 1995. Comentário sobre Salmo 65.
Obra teológica de apoio: BOICE, James Montgomery. Salmos: volume 2 (Salmos 42–106). São Paulo: Cultura Cristã, 2006. Comentário sobre Salmo 65.
Bíblia de estudos
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